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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Dor de cabeça com 3D pode ser “avatar” do estrabismo

É o que sugere o autor do artigo - 3D headache may be ‘avatar’ of strabismus or other binocular vision condition – publicado no Eurotimes, Jornal da Sociedade Européia de Catarata e Cirurgia Refrativa


Se as imagens em 3D do filme Avatar de James Cameron não forem o motivo da sua dor de cabeça, elas podem ser um indicativo de um problema ocular ainda não diagnosticado, defende o neuro-oftalmologista David Granet, pesquisador da Universidade da Califórnia, autor do artigo.

Há grande um número de pessoas que relatam sintomas desagradáveis após assistirem uma produção em 3D. Estes sintomas podem indicar uma série de doenças ou moléstias. Granet sugere que se alguém sente dor de cabeça, após assistir Avatar, deve investigar a razão desta dor. No caso da esposa do próprio médico, relatado no artigo, uma anisometropia - nome que se dá à condição em que o erro refrativo é diferente entre os olhos - pode ter sido a causa da dor de cabeça. Ele conta que a esposa, aos 90 minutos do filme, começou a sentir-se mal, enjoada. Após retirar os óculos por 20 minutos, voltou ao seu estado normal.

O médico explica que o grande esforço tentando fundir as imagens diferentes apresentadas a cada olho causou o cansaço visual da esposa. Para ver a imagem em 3D é necessário que a imagem formada em cada olho seja clara. “Se seus olhos não estão vendo a mesma imagem, seu cérebro tem que fazer muito esforço para mesclar
as duas imagens. Em última análise, é o seu cérebro que está fazendo o esforço que causa a dor de cabeça, mas são os olhos que estão criando o trabalho extra para seu cérebro”, explica o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Em condições normais, esta situação de esforço extra para os olhos pode não representar um problema, porque quando você apresenta fadiga visual, na frente do computador, você se levanta por cinco minutos, descansa os olhos e fica bem novamente. “Mas quando você está no cinema, assistindo um filme como Avatar, que tem 162 minutos, você tem que concentrar-se mais para fundir as imagens. É isto o que causa a dor de cabeça”, explica o oftalmologista.

Mesmo os pacientes com visão normal podem ter dificuldades para assistir a produções em 3D, em parte porque não é possível, no mundo real, focar a profundidade dos objetos, como é nos filmes. “A adaptação ao uso dos óculos 3D também pode causar algum desconforto, mas para a maioria das pessoas esta sensação é temporária”, explica Centurion.

Portanto, uma dor de cabeça forte, de longa duração ou a incapacidade de perceber as imagens em 3D do filme podem indicar um problema ocular. “Estes sintomas podem ser uma bandeira vermelha, especialmente em crianças, tornando-se indispensáveis um teste de triagem para anisometropia, estrabismo ou ambliopia”, alerta o diretor do IMO.

Problemas com 3D

Pacientes com alterações da retina, desequilíbrio nos músculos ópticos e com dificuldade para controlar os olhos são mais propensos a apresentarem os sintomas negativos com o uso dos óculos 3D porque estes filmes tendem em exagerar, além do que ocorre em situações cotidianas, na separação das duas imagens projetadas. “Mesmo um paciente sem nenhum problema visual também pode ter problemas com a fusão das imagens em 3D, o que pode prejudicar seus músculos visuais e sua capacidade neuroadaptiva”, explica o oftalmologista Eduardo de Lucca, que também integra o corpo clínico do IMO.

Para os pacientes que têm problemas com o uso dos óculos 3D, o mais provável é que estejam presentes distúrbios da motilidade ocular do qual eles ainda não têm conhecimento. “Para comprovar o diagnóstico são necessários realizar testes de phoria (desvios latentes dos olhos) e de tropia (desvios manifestos dos olhos). Pacientes com tropia, muitas vezes, apresentam também diplopia – mais conhecido como visão dupla –, o que os impede de perceber os efeitos dos filmes em 3D”, explica Eduardo de Lucca.

A diplopia pode ser congênita ou pode se desenvolver durante a vida, como resultado de um trauma, tumores ou paralisia do nervo óptico, provocada por diabetes ou outras doenças sistêmicas, como esclerose múltipla, miastenia grave ou problemas de tiróide.

A TV em 3D

Em alguns aspectos, além dos méritos artísticos, é curioso que Avatar tenha conseguido chamar tanta atenção para o emprego de novas tecnologias. “No momento em que caminhamos para o advento da televisão em 3D, mais espectadores poderão ter problemas com as imagens em profundidade. É o que defende David Granet, autor do artigo, pois é muito mais complexo para o cérebro acompanhar, por exemplo, um evento esportivo, como uma partida de futebol, repleta de movimentos muito rápidos, numa tela pequena”, alerta o oftalmologista Eduardo de Lucca.

No início deste ano, um canal inglês transmitiu um jogo de futebol em 3-D em TV aberta. Os Estados Unidos fizeram a estréia em abril, com o Master de Golf. A rede de televisão a cabo ESPN também estreará, em junho, o novo canal ESPN 3D, com a transmissão de jogos do mundial de futebol da África do Sul. No total, a rede esportiva vai transmitir 85 eventos em 3D durante o primeiro ano do serviço, enquanto a Discovery, em aliança com Sony e Imax, lançará outro canal, ainda sem nome, para distribuir a cabo e por satélite conteúdo 3D. Os canais Fox e DirecTV anunciaram que terão parte de sua programação pronta para a terceira dimensão, nos EUA, já neste ano. É um sinal do que poderá acontecer por aqui...

As TVs em 3D já estão no mercado e vendendo bem. “Uma onda de dores de cabeça pode surgir, pois, há, definitivamente, um subconjunto da população que sempre se sentirá desconfortável diante destas imagens. O melhor é experimentar o novo aparelho na loja, para saber se compensa levar ou não a tv para casa”, alerta o oftalmologista Eduardo de Lucca.


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