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domingo, 20 de junho de 2010

Na Copa, emergência médica sobrepõe doping

Médicos das equipes têm corrida contra o tempo para obter autorização da Fifa no tratamento de atletas

A bruxa está solta na África do Sul. Antes mesmo da Copa do Mundo começar oficialmente, jogadores já sofriam com sérias lesões. Os nomes não são poucos, entre eles estrelas como Drogba (Costa do Marfim), Pirlo (Itália) e até o goleiro Júlio César, da seleção brasileira. Enquanto os atletas correm contra o tempo para se recuperar e não serem cortados, os médicos têm de tomar as devidas precauções e obter autorização da Fifa para que o novo tratamento não esbarre no exame anti-doping.

“Qualquer medicamento que o esportista esteja usando deve ser informado à Fifa, antes de cada jogo, em uma ficha completa”, explica o ortopedista André Pedrineli, coordenador do centro de excelência da Fifa no Brasil. “O Hospital das Clínicas da FMUSP, ligado à Secretaria de Estado da Saúde, é o único hospital do país credenciado como centro de excelência pela entidade máxima do futebol”, informa. Os médicos do HC participam, inclusive, das reuniões internacionais da Fifa.

Todos os jogadores que disputam a copa têm uma avaliação médica detalhada. Essa lista de avaliações é enviada logo quando os jogadores são inscritos para uma competição internacional. O problema acontece quando o jogador se machuca às vésperas da competição e precisa de novos medicamentos, como foi o caso do atacante da Costa do Marfim, Drogba. “É importante lembrar que antes de ser um atleta ele é um paciente”, ressalta o especialista.

De acordo com Pedrinelli, em casos como o de Drogba, a Fifa abre exceção para medicamentos que podem estar na lista dos proibidos, pois a emergência médica sobrepõe o doping. “Ele passou por uma cirurgia de emergência para tentar se reabilitar para os jogos. É possível que tenha usado remédios que constem da lista de substâncias proibidas, porém, essas substâncias precisam ter seu uso comunicado previamente à comissão de doping, para que não resulte em algum problema se ele for submetido ao controle após jogos”, explica.

Pedrinelli observa que, há poucos casos de doping no futebol. Os casos positivos são apenas de 0,03% a cada 15 mil testes feitos ao ano. “A medicina esportiva está muito avançada. É possível fazer quase qualquer tipo de tratamento sem esbarrar nas substâncias proibidas. Os poucos casos, em sua maioria, são causados por drogas ilícitas de uso social como maconha e cocaína”, finaliza o ortopedista.

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