Parte da radiação mais perigosa é facilmente refletida pela janela de vidro padrão ou pelo entorno das lentes de muitos óculos de sol
Aparentemente, todos já sabem - ou deveriam saber - a importância de proteger a pele e os olhos da radiação ultravioleta do sol: UVB, que queima a pele, e da UVA, que envelhece a pele. Ambas podem causar câncer de pele e prejudicar gravemente o cristalino, a retina e a córnea.
A maioria das pessoas também acha que não ficará bronzeado ou terá uma queimadura de pele, apenas sentando-se atrás de uma janela exposta ao sol... Mas o que a maioria não sabe é que nem as janelas, nem a sombra, nem mesmo a maioria dos óculos de sol pode nos proteger totalmente contra os raios nocivos do sol. “Parte da radiação mais perigosa é facilmente refletida pela janela de vidro padrão ou através ou pelo entorno das lentes de muitos óculos de sol”, alerta o oftalmologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Nos Estados Unidos, a maioria da população passa grande parte do dia dentro de casa ou se deslocando em carros particulares. Por isto, por lá, a proteção - ou a falta dela - oferecidas pelas janelas de casa ou do carro já se tornaram uma questão de saúde pública. E, em combinação com as questões de economia de energia, Governo e sociedade têm estimulado o desenvolvimento de vidros para automóveis, edifícios comerciais e residências com fotoproteção.
A indústria dos óculos de sol também volta-se para esta demanda e produz lentes que bloqueiam os raios nocivos do sol, tanto para os praticantes de esportes ao ar livre, como para os usuários casuais. “Portanto, nunca é demais frisar que a escolha de um par de óculos de sol deve ser feita com critério, para evitar que os olhos fiquem mais vulneráveis à radiação solar e danos permanentes sejam causados”, destaca Centurion.
Proteger os olhos...
Os óculos de sol devem fazer mais do que proteger os olhos contra a luminosidade. “Eles devem também proteger os olhos contra a radiação prejudicial que pode danificar a córnea, o cristalino, a retina e as pálpebras. A incidência direta dos raios ultravioleta no olho humano ocasiona lesões oculares, que gradual e cumulativamente, podem resultar na perda total da visão. As lesões oculares mais comuns causadas pelo excesso de sol são a queda da percepção de detalhes pela mácula - parte da retina responsável por esta função - e a formação da catarata, problema ocular grave, de maior incidência no mundo. Por isto, é fundamental utilizar óculos de sol capazes de filtrar a incidência destes raios”, diz a oftalmologista Fernanda Takay, que também integra o corpo clínico do IMO.
Para quem trabalha a maior parte do tempo ao ar livre, a exposição, em excesso, aos raios UV pode levar ao surgimento do pterígio - tecido que cresce sobre a córnea e obstrui a visão - e da ceratite, uma inflamação da córnea. Um chapéu de abas largas é útil, mas não é suficiente para evitar a exposição de risco. O uso do chapéu precisa ser complementado com o uso do óculos de sol. Sentar na sombra ou debaixo de um guarda-chuva também não é proteção suficiente. “Os danos da radiação podem ser refletidos para a pele, olhos e superfícies vizinhas. O ideal é combinar sombra com protetor solar e óculos escuros”, avisa Fernanda Takay.
E quando o assunto é fotoproteção, custo não é indicador de qualidade. “Os óculos falsificados chegam bem mais baratos ao mercado por não possuírem tecnologia capaz de filtrar os raios UV. Óculos vendidos como simples acessórios de moda podem proporcionar pouca ou nenhuma proteção UV. Estes produtos também não contam com lentes apropriadas. A maioria vêm com lentes com polarização insuficientes, que minimizam o brilho, mas não contam com propriedades anti-UV”, explica a oftalmologista.
Na hora de escolher os óculos de sol, quatro características são muito importantes: “um rótulo ou etiqueta que indique 100% de proteção UV; lentes grandes o suficiente para proteger os olhos e as pálpebras; uma cor neutra, como os de lente âmbar cinza ou marrom, que não alteram as cores verdadeiras (especialmente o vermelho e o verde dos semáforos) e um modelo que envolva as têmporas, para proteger contra a luz que vem dos lados”, destaca Takay.
Para os praticantes de esportes ao ar livre, como tênis, vôlei de praia, ciclismo ou esqui, óculos apropriados são essenciais. “Idealmente, os óculos de sol para prática esportiva devem ter lentes de policarbonato grandes, envolventes e polarizadas, que possam proteger os olhos contra objetos duros, além de proporcionar o bloqueio UV total”, afirma a oftalmologista.
Barqueiros, surfistas e pescadores devem ser especialmente diligentes porque a água é um potente refletor de radiação UV. Já os nadadores devem reaplicar o protetor solar e colocar os óculos de sol logo ao saírem da água.
Assista ao filme educativo Pterígio: males que o sol provoca à visão no nosso site:
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